sábado, 5 de novembro de 2011

Artigo da Presidenta sobre a Escola Jd. Zaira VIII

Um retrato real das escolas estaduais

Maria Izabel Azevedo NoronhaPresidenta da APEOESP
Membro do Conselho Nacional de Educação
e do Fórum Estadual de Educação

Dois fatos ocorridos nos últimos dias demonstram a real situação da rede estadual de ensino: a invasão e depredação, pela quarta vez, da Escola Estadual Jardim Zaíra VIII, em Mauá, e o uso compartilhado por meninas e meninos nos banheiros da recém construída Escola Estadual Doutor Christiano Altenfelder Silva, no Grajaú, Zona Sul da capital.
Ambos os fatos denotam graves problemas de gestão, segurança e a falta de uma política educacional no Estado de São Paulo, que respeite e valorize os seres humanos: professores, alunos, funcionários e todos os que compõem as comunidades escolares.
Quando uma mesma escola é invadida e depredada pela quarta vez, perdendo seus equipamentos e sendo pichada com frases ameaçadoras a seus professores, sem que as autoridades sejam capazes de prevenir tais ocorrências, algo de muito grave está ocorrendo.
Obviamente, para nós, as questões relacionadas à violência nas escolas não podem ser reduzidas a “casos de polícia”, mas garantir a segurança dos professores, alunos e funcionários das escolas e o próprio patrimônio público é obrigação fundamental do poder político e isso não está ocorrendo. Quantas outras escolas, no Estado de São Paulo, sofrem ataques semelhantes? Quantos professores e funcionários não se sentem constantemente ameaçados por gangues e quadrilhas nas regiões periféricas das nossas cidades?
O governo estadual e as prefeituras precisam assegurar a presença da ronda escolar e policiamento comunitário nas proximidades das escolas, mas isto, por si, não resolve o problema da violência nas escolas. Mais que tudo, é preciso que todas as escolas acolham a comunidade de seu entorno e a forma de fazê-lo é por meio da gestão democrática, com conselhos de escola democráticos e participativos. Cabe ao conselho de escola formular e gerir o projeto político pedagógico, incorporando as demandas da comunidade em seus conteúdos curriculares e nos projetos pedagógicos que venha a desenvolver.
O que ocorre na escola do Grajaú, por outro lado, mostra que as escolas estaduais não são construídas de acordo com um projeto arquitetônico que responda adequadamente às necessidades dos que nela estudam e trabalham. A questão não se resume ao inadmissível fato de alunos e alunas compartilharem o uso dos mesmos banheiros. Mesmo nas novas unidades há problemas de iluminação, acústica, tamanho das salas, disposição da lousa, falta de espaços de convivência e para o desenvolvimento de atividades extracurriculares vinculadas ao projeto político pedagógico e outras falhas. No caso da citada escola, inclusive, já existem rachaduras em partes do prédio, construído há pouco tempo.
Não se pode falar em ensino de qualidade se não estiverem presentes as condições necessárias para que isto ocorra. Uma unidade escolar tem que ser projetada, construída e gerida sempre objetivando manter professores, alunos e funcionários focados no processo ensino-aprendizagem, de forma agradável e prazerosa. Como desenvolver um processo educativo nas condições de insegurança em que se encontram muitas de nossas unidades escolares? Como ministrar aulas e desenvolver outras atividades educacionais em escolas mal construídas ou que não dispõem dos espaços necessários ao pleno desenvolvimento do projeto político pedagógico?
São perguntas já antigas na rede estadual de ensino de São Paulo. As comunidades escolares e a sociedade esperam as respostas corretas das autoridades.

Um comentário:

  1. Os problemas nunca têm, em geral, uma causa única. vejamos, referindo-nos ao caso em questão...
    1) Não nos passa pela cabeça que não haja legislação do Ministério da Educação - e da própria Constituição - estabelecendo sobre as unidades de ensino governamentais e particulares. Claro que existem normas. Mas são ignoradas em primeira instância pelos próprios estabelecimentos; Em segunda instância pelos governos (municipal, estadual, federal)
    2) O ministério da Educação alheia-se.. Não tem fiscalização efetiva, o que reflete o estado geral do próprio Estado: as denúncias de corrupção não vêm do lado interno do aparelho de Estado, mas da mídia....
    3) Ministros da Educação - e quaisquer ministros - não podem ser escolhidos porque são 'figuras públicas", simpáticas à população para que esta não se volte facilmente contra eles.. Ministros têm que ter caráter, moral e competência.. Algo falta á nossa ministra, que nem dos salários dos professores sabe cuidar, defender.. Prefere fazer propaganda de seus CDs no Jô Soares...
    4) a Imoralidade que afeta a máquina do Estado se reflete nas omissões deste, e na revolta dos que sofrem...
    5) Crianças podem não saber o que querem, mas desde o primeiro choro que sabem como reclamar...

    Qual é a admiração ????

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